Brasília – Cada vez mais mulheres estão recorrendo a um método caseiro conhecido como “mouth taping” – colocar uma fita adesiva sobre os lábios durante a noite – para estimular a respiração nasal e, assim, tentar melhorar a qualidade do sono.
A popularidade do recurso cresce em redes sociais e grupos de saúde feminina. O objetivo é prevenir a respiração bucal, hábito associado a diversos problemas já investigados pela comunidade científica.
Em 2017, o dentista Steven Lin levantou a hipótese de que respirar pela boca poderia estar relacionada a casos de TDAH em crianças. No mesmo ano, o especialista questionou também se esse padrão respiratório é prejudicial à saúde em geral.
Pesquisas indicam outras possíveis implicações. Um estudo publicado em 2020 na revista Bioinformation apontou impacto da disfunção das vias aéreas sobre a saúde bucal. Já uma análise da BMC Oral Health, divulgada em 2025, sinalizou associação entre a posição da língua e padrões esqueléticos da face, fator ligado à forma de respirar.
A preocupação não se limita à respiração diurna. Dados do National Council on Aging, de 9 de outubro de 2024, reforçam a relevância de abordar a apneia do sono. O problema também foi classificado como ameaça à saúde pública pela American Academy of Sleep Medicine em 29 de setembro de 2014, quando a entidade alertou para o aumento da prevalência da condição nos Estados Unidos.
Embora não exista consenso definitivo sobre a eficácia da fita, a comunidade médica discute seus efeitos indiretos. Ao incentivar a passagem de ar pelo nariz, a prática pode favorecer a filtração do ar e a produção de óxido nítrico, molécula relacionada ao metabolismo do oxigênio. Alterações nesse processo foram atualizadas em estudo de 2023 na revista Redox Biology, que examinou a ligação entre metabolismo de oxigênio anormal e doença de Alzheimer.
Imagem: wellnessmama.com
O método costuma utilizar fitas hipoalergênicas, aplicadas na horizontal ou na vertical sobre os lábios, permitindo leve abertura para passagem de ar caso necessário. Profissionais recomendam que, antes de adotar a prática, a mulher verifique condições como congestão nasal, alergias ou distúrbios respiratórios já diagnosticados.
Especialistas lembram que a fita não substitui avaliação médica nem tratamento para apneia do sono, mau posicionamento da língua ou alterações dentofaciais. Quem apresenta ronco persistente, sonolência diurna ou dificuldade para respirar deve buscar orientação de um otorrinolaringologista ou dentista especializado em sono.
Enquanto pesquisas seguem em andamento, o “mouth taping” permanece como ferramenta de baixo custo que algumas mulheres adotam para promover a respiração nasal e, possivelmente, obter noites mais tranquilas.