Painel da FDA sobre antidepressivos na gravidez é acusado de ignorar riscos da depressão materna não tratada

Bella BetinhaSaúde Mental23 horas atrás13 pontos de vista

Washington (EUA), 14 de agosto de 2025 – O Centro de Saúde Mental da Mulher do Massachusetts General Hospital (MGH) criticou o painel de especialistas convocado pela Food and Drug Administration (FDA) em 21 de julho para avaliar a segurança dos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) durante a gestação. Segundo a instituição, a discussão concentrou-se nos possíveis efeitos negativos dos medicamentos e minimizou os perigos da depressão não tratada para a mãe e o bebê.

Foco limitado em riscos dos ISRS

Embora existam mais de 25 anos de pesquisas que respaldam a segurança reprodutiva de diversos antidepressivos, o MGH afirma que o encontro da FDA deu maior peso a estudos com resultados adversos e deixou de lado evidências que apontam baixo ou nenhum risco. A entidade ressalta que, ao ignorar os impactos da doença mental sem tratamento, o debate transmite uma mensagem incompleta e pode aumentar a incerteza de pacientes e profissionais de saúde.

Decisão exige análise benefício-risco

Especialistas lembram que escolher continuar ou iniciar medicação psiquiátrica na gravidez é um processo individualizado. Mulheres e equipes médicas devem avaliar cuidadosamente os benefícios do controle dos sintomas em comparação com eventuais efeitos colaterais. O MGH defende diálogo aberto, tomada de decisão compartilhada e planos de cuidado adaptados a cada gestante.

Onde buscar orientação confiável

O centro recomenda conversar primeiro com o(a) prescritor(a). Caso o profissional não se sinta seguro para orientar sobre uso de psicofármacos na gestação, é indicado procurar um(a) especialista em saúde mental perinatal. Diretórios como o da Postpartum Support International e plataformas como o Psychology Today listam profissionais presenciais e de telemedicina.

Para informações adicionais sobre medicamentos, são sugeridos:

  • DailyMed – base oficial da FDA com bulas atualizadas;
  • womensmentalhealth.org – conteúdos do próprio MGH;
  • MotherToBaby – fichas técnicas e aconselhamento gratuito;
  • Diretrizes do American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) – recomendações para uso de fármacos e manejo de transtornos mentais na gestação e no pós-parto;
  • Programas de Acesso à Psiquiatria Perinatal – serviços que conectam clínicos a consultores especialistas.

Reação de entidades médicas

Diversas organizações compartilharam preocupação semelhante à do MGH, entre elas o American College of Obstetricians and Gynecologists, a Society for Maternal Fetal Medicine, a American Psychiatric Association, a Postpartum Support International, o National Curriculum of Reproductive Psychiatry, o Policy Center for Maternal Mental Health e a Maternal Mental Health Leadership Alliance (MMHLA).

A diretora-executiva da MMHLA, Adrienne Griffen, advertiu que declarações públicas que minimizam os transtornos mentais perinatais e tratamentos comprovados podem desencorajar mulheres a buscar ajuda, comprometendo avanços obtidos nas últimas duas décadas em redução do estigma.

O FDA não informou se realizará nova audiência para abordar os riscos da depressão materna não tratada.

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